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CONVERSA AO PÉ DO FOGO

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 18/03/1961

 

De há muito estamos com um pensamento fixo: o de criar uma coluna no nosso semanário, que seja, ao mesmo tempo, de crítica e de reinvidicação. Ela defenderá as mais urgentes e inadiáveis necessidades do município e será construtiva ao criticar. Teremos, por assim dizer, um "julgamento ao pé do fogo". Dentro dos limites possíveis, talvez possamos entender às regiões circunvizinhas essa pretensão às quais nos ligam laços fraternos. É toda uma região que clama por melhor proteção, apoio, maior entusiasmo e boa vontade por parte daqueles que direta ou indiretamente detêm as rédeas do poder nas mãos.

 

Por essas razões esperamos que esse nosso trabalho seja bem compreendido, dentro daqueles têrmos a que nos propomos realizar: reinvidicar e criticar. Vamos criticar, sim. Vamos falar do prefeito, dos vereadores, dos governadores, dos deputados estaduais e federais, sempre que eles o mereçam e tendo em vista um pensamento: o de ajudar, o de construir.

 

Não nos move nenhum sentomento outro contra ninguém e contra nada, Pelo contrário, estimamos a tudo e a todos de Rio Pomba, E é pensando nessa estima que julgamos necessário um trabalho nesse sentido. Longe de nós qualquer intenção outra que não essa.

 

Essa boa vontade que nos move, dedicamo-la à sofrida população, ao povo.

 

Este mesmo povo que tem sido muitas vezes ludibriado pelas mais sórdidas tramas da baixa política (não vai aqui nenhuma indireta para ninguém), não pode ficar desamparado. Cabe, então, à imprensa entrar em ação, no seu papel relevante de defensora dos interesses locais e regionais, para que a população não se quede desamparada.

 

Não precisamos justificar a necessidade desta coluna que vamos criar. Os problemas, difíceis uns, fáceis outros, mostram claramente que alguém precisa falar, chamar a atenção, criticar, sugerir. Um simples exemplo: há 10 anos que temos promessa de asfalto para a nossa rodovia e até agora nada. Fizemos dois comentários no mês de janeiro, a que demos o título de "Caminho do Diabo". Depois, outros colaboradores desta folha insistiram no assunto.

 

Vamos fazer uma pausa e esperar um pouco mais para dar tempo de providências estaduais surgirem. Se estas faltarem, voltaremos à carga, escrevendo um, cem, um milhão de artigos até sermos satisfeitos nessa justa pretensão.

 

O espírito que nos impulsiona é assim definido: ajudar, criticar contruindo, reinvidicar o que nos pareça justo, tendo sempre em mente o interesse social. Para isso contamos com somente uma arma: a palavra, que segundo Alfonso Celso "é a alavanca do legislador", braco direito do estadista, tão preciosa na paz, quanto a espada na guerra, representa papéis protagoniticosnas graves crises, nas convulsões políticas, quando a nação precisa resistir às arbitrariedades, reinvindicar direitos, obstruir preconceitos e excessos, elaborar novas regras, proceder a remodelações.