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CATILINARIAS

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 08/01/2016

 

Meus caros leitores, o jornal Folha de São Paulo, do qual somos assinante, tem vários colunistas de peso, jornalistas e intelectuais de alta linhagem e gabarito, os quais proporcionam aos leitores um saudável confronto de ideias. Estão neste contexto, entre outros, Carlos Heitor Cony, Ruy Castro, Janio de Freitas, Demétrio Magnolli, Hélio Schwartsman, Bernardo Mello Franco e Ferreira Gullar.

 

Recentemente, os jornalistas Hélio Schwartman e Bernardo Mello Franco, cada um em seu respectivo espaço, edição de 16.12.2015, escreveram uma coluna, comentando a escolha do nome “Catilinarias” para uma operação da Polícia Federal, a propósito de mandados de busca e apreensão nas casas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e outros figurões do PMDB.

 

Ao ler as colunas, lembramos, emocionados e saudosos, das proveitosas e magníficas aulas de latim do saudoso professor Menezes, excelente mestre da matéria, que a tornava movimentada e interessante, embora fosse uma língua morta, que não despertava a atenção dos alunos, pois somente era falada nas missas e atos litúrgicos da Igreja Católica, que posteriorme adotou as línguas vernáculas em seus rituais.

 

O professor Menezes, que foi ex-seminarista do Caraça, onde estudou por cerca de 10 anos, era possuidor de uma vasta bagagem cultural, a qual procurava transmitir aos seus alunos. Para nossa sorte, foi contratado na época pelo professor Borges, lecionando no nosso querido Ginásio Pombense. E tanto isto é verdadeiro que, embora língua morta, fomos bom aluno de latim, gostávamos da matéria e o grande responsável por isso foi o inesquecível professor Menezes.

 

As famosas “Catilinárias”, explicava o professor, foram 4 discursos proferidos pelo mais famoso tribuno romano da época, Marco Túlio Cícero, denunciando o senador Catilina por conspirar contra a República, o que era verdadeiro. Foram consideradas obras primas da retórica, especialmente a primeira Catilinária: “Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?”(até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência”. E mais adiante: “O tempora, o mores”; (ó tempos, ó costumes).

 

A operação “Catilinária” alcançou em cheio o PMDB, com buscas e apreensões em casas de aliados e correligionários de Renan Calheiros e Michel Temer. Assim, temos um quadro nítido à frente da deslavada corrupção que contagiou o Brasil inteiro, em todos os segmentos. Qualquer semelhança com os fatos relacionados ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não é mera coincidência.

 

Some-se a isso a condenação pela Justiça de Minas Gerais do ex-governador Eduardo Azeredo, tucano de alta plumagem, a 20 anos e 10 meses de prisão e, segundo a Juíza que proferiu a sentença, “foi montada uma organização complexa para assaltar os cofres mineiros”.

 

Como se sabe, o mensalão tucano foi pioneiro e serviu de modelo para o PT. Como os petistas são bons discípulos, aprenderam e apreenderam rapidamente as manobras ilegais e corruptas dos tucanos mensaleiros de Minas Gerais e aplicaram as técnicas desenvolvidas por Marcos Valério e sua equipe de assessores.

 

 

Por tais razões, meus caros leitores, temos motivos de sobra para lembrar com saudades dos inesquecíveis professores Menezes, professor Toledo, Tavares, Cunha e Souza, Borges, Geralda Fagundes, Mateus, Terezinha Gríbell, Dr. José Reis, Hugo Furtado, Maria Marota, Terezinha Cunha, Ubirajara e outros não lembrados no momento, sendo certo que boa parte deles era oriundo do ex-Seminário do Caraça, que formou várias gerações de excelentes mestres.

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DESTAQUES - ESCOLAS E CORAL MUNICIPAIS

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 02/02/2016

 

Meus caros leitores, não podemos deixar de comentar e elogiar uma bela informação  de nossa folha, em edição passada, sobre o excelente nível de desempenho de ensino das escolas municipais da cidade, avaliadas pelo PROALFA(Programa de Avaliação de Alfabetização) e pelo PROEB(Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica), ambos da Secretaria de Estado da Educação.

 

 Pela publicação, a Secretaria de Educação do Estado avalia anualmente mais de um milhão de estudantes das redes estaduais e municipais, o que é oferecido gratuitamente às Prefeituras, para que estas tenham em mãos dados importantes que embasarão providências e subsídios nesta importante área da administração pública municipal.

 

Merecem elogios e cumprimentos a Prefeitura e particularmente a Secretaria Municipal de Educação, pelo excelente resultado conseguido, o qual demonstra o caminho a seguir, se quisermos alcançar níveis de educação de primeiro mundo.

 

Em muitas oportunidades, aqui mesmo neste espaço, sempre deixamos registrado que só acreditamos no Brasil, em termos de evolução e progresso, em todos os sentidos, no dia em que o nosso povo, de um modo geral, a começar pelo humilde peão, tenha, no mínimo, nível de educação de segundo grau.

 

CORAL MUNICIPAL

 

Felizmente, a cultura musical coralista está sendo implantada e difundida no município, o que é bom para toda a comunidade, além de elevar o nível   de conhecimentos de canto coral e de teoria musical.

 

Pelo noticiário de nossa folha, existem na cidade em plena atividade três corais, o último dos quais, com apoio da Prefeitura Municipal, coordenado pelo entusiasmo e dedicação da Maria Luíza Velloso Furtado(Lulu), que se apresentou recentemente com agrado geral.

 

O nosso querido Naico, também em edição passada de nossa folha, afirmou que “A sempre elegantíssima Maria Luíza(Lulu) Velloso Furtado acertou na mosca quando indicou o nome de Maria Thereza Correa Netto Cunha para o merecido título de Patrona do nosso Coral Municipal”. Apenas um pequeno adendo meu caro Naico: além de elegante, a Maria Luíza é uma bonita mulher, uma gata, usando a linguagem de hoje da moçada.

 

Como sempre acontece, estão faltando vozes masculinas no Coral Municipal, isso porque os homens, por preguiça mental e acomodação, não se dispõem ao deslocamento para o local onde são ministradas as aulas teóricas e práticas pelo maestro que ensaia o coral, o que acontece somente uma vez por semana, o que, convenhamos, apenas exige um pouco de boa vontade.

 

Por derradeiro, o nosso querido Naico acertou na mosca, quando afrmou na edição passada de nossa folha,  de 11 a 18. 10.2015, que a Maria Marotta, “além de ter sido uma tremenda jogadora de vôlei, era dona de um belo e tentador par de pernas”.

 

Durma com um barulho desses meu caro Naico. Quantas vezes, na nossa juventude, com a desculpa de assistir ao treino das jogadoras de vôlei, na quadra do Clube dos Trinta, eu e alguns coleguinhas, (contamos o milagre, mas não contamos os santos), na verdade, estávamos mesmo interessados era em apreciar as belas pernas da Maria Marotta e da Edmar Souza Lima.

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120 ANOS

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 28/08/2016

 

Meus caros leitores, não poderíamos deixar passar em branco a data de 25 de junho, quando o nosso jornal comemorou 120 anos de fundação, sabendo, como sabemos, que poucos jornais brasileiros alcançaram a longevidade do nosso querido mensageiro, outrora sob o comando do saudoso José de Assis e atualmente sob a batuta da guerreira Carmen Lucia. Dos 120 anos de sua existência, com ele colaboramos oficialmente há mais de 55 anos.

 

Devemos anotar que nesse longo período importantes jornais brasileiros deixaram de circular, alguns deles verdadeiros repositórios da história, dos acontecimentos políticos, sociais e econômicos do povo brasileiro, os quais, ao peso de grandes dificuldades financeiras, não sobreviveram, bastando lembrar, como exemplos, no Rio de Janeiro, Correio da Manhã, Diário Carioca, Diário de Notícias, Última Hora, Jornal do Brasil e em São Paulo a Gazeta, Gazeta Esportiva, Diário Popular, Última Hora, Jornal da Tarde, Notícias Populares, isto sem falar em centenas, talvez milhares, de médios e pequenos jornais circulando por todos o país, que não resistiram aos novos tempos e a grandes dificuldades financeiras, com imensa redução de receitas.

 

Contudo, meus caros leitores, voltemos ao nosso quintal. Manter um jornal durante todo esse tempo é tarefa para espíritos fortes e persistentes, de animus inquebrantável, e o nosso querido e saudoso José de Assis, para nossa sorte, tinha de sobra essas qualidades, além do grande amor que dedicava à sua terra natal. Tivemos vários exemplos de sua dedicação e heroica luta em prol do jornal e de sua comunidade. Vamos ilustrar com apenas um.

 

Nos idos de 1959, ingressamos na Faculdade de Direito da PUC de São Paulo. Junto com outros colegas, fundamos na faculdade um jornal acadêmico e passamos a conviver com a grande imprensa de São Paulo, aprendendo as novas técnicas de jornalismo e se inteirando das novidades do setor. O que aprendemos na época, transmitimos para o José de Assis, que aceitou e acolheu as nossas sugestões, dentro das limitadas possibilidades do jornal, que passou a ter uma leitura mais agradável, mais leve, com novos colunistas tratando de assuntos variados, despontando entre os novos colaboradores o nosso querido Naico, com sua verve e comentários da vida social da cidade e da região.

 

Porém, um importante fato marcou a nossa presença e colaboração com o jornal. Naquela época, saímos eu e o saudoso conterrâneo, Dr. Glézio Rocha, de São Paulo, viajando em um fusquinha novo até Juiz de Fora, cerca de 500 kms. Na antiga Rodoviária de Juiz de Fora, fomos informados que não dava para chegar a Rio Pomba, porque a estrada estava intransitável, cheia de atoleiros e buracos. Uma pessoa presente na Rodoviária nos ensinou um caminho alternativo, via Rio-Bahia, Leopoldina, Cataguazes e Ubá. Naquele tempo, o trecho Ubá a Rio Pomba já estava asfaltado.

 

Enfrentamos essa dura parada e o danado do fusquinha passou em lugar onde estavam atolados caminhões, jipes, automóveis, etc. e, finalmente, chegamos a Rio Pomba, lambuzados e sujos de lama da cabeça aos pés.

 

Quando regressamos a São Paulo, sentamos na mesa da máquina de datilografia, com a emoção saindo pela boca, escrevemos dois artigos para o nosso semanário, descendo o cacete em tudo e todos, especialmente nos dois deputados ligados à cidade, Último de Carvalho e Dnar Mendes, criticamos duramente ex-governadores, entre os quais Milton Campos, Bias Fortes e Juscelino Kubitschek, uma vez que todos eles prometeram asfaltar a nossa rodovia e não cumpriram a promessa feita em praça pública na cidade. Aos artigos intitulamos “O Caminho do Diabo”.

 

Os artigos tiveram grande repercussão, foram transcritos nos anais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no “Jornal do Brasil”, em um caderno destinado ao noticiário do interior do Brasil e aqui o fato importante, apesar da veemência e virulência das críticas, foram publicados sem nenhum corte, concordando o José de Assis com eles em gênero, número e grau, razão pela qual, nesta singela homenagem, cumpre destacar este lado altamente responsável, generoso e consciente do nosso homenageado.

 

Meus caros leitores, saímos da terra, viajamos pelos espaços siderais e chegamos a um lugar encantado, em cujo frontispício está escrito: “Aqui é o Reino dos Justos”. Adentramos ao salão principal, feericamente iluminado, com odores inebriantes de rosas, crisântemos, primaveras, orquídeas, hortências, margaridas, lírios, begônias. Pedimos uma audiência ao Senhor do Universo e segredamos aos seus ouvidos que desejávamos conversar com duas pessoas que faziam parte daquele reinado, diletos filhos do Senhor dos Mundos e que foram de fundamental importância para  as suas comunidades. Ele nos orientou e mostrou onde encontraríamos essas pessoas, para as quais dedicava especial consideração, pelo muito que fizeram para suas cidades e região.

 

Caminhamos para o local indicado, um amplo salão, também feericamente iluminado e perfumado pelas flores e lá encontramos o Professor José Borges de Morais e o José de Assis, de mãos dadas com sua querida Joaninha. O primeiro, rodeado pelos seus queridos ex-alunos André Bibiano, Hugo Furtado, Afrânio Furtado, Pedro Lopes Filho (Pedrito), Antonio Dias da Costa, José Fialho, Wander Moreira, Gerônimo Araújo (Miminho), Max Saraiva, Walter Assad, Dr. Henrique, Boris Caiafa, Euclides Caiafa(Quidinho), Toninho Mota, Dr. Ordelino Mota e muitos outros. Igualmente, envolvido pelos professores Ulisses, Tavares, Geralda Fagundes, Mateus da Silva Reis, Dr. José Reis, Menezes, Ubirajara, Helio Paulo (Liliu), Toledo, Cândido Martins de Oliveira, Terezinha Cunha, Marieta de Freitas, Dalmo Correa Neto, Cunha e Souza. Para não fugir à regra, o Professor Borges estava dando uma aula para toda essa turma e começou fazendo a célebre advertência: “moço, o mundo não termina no morro da Estação”. E mais adiante: “quatro palavras que abrem as portas do mundo: muito obrigado, por favor, dá licença e desculpe”.

 

Ao falar com o querido José de Assis, houve uma emoção recíproca e ele nos disse: “estamos muito felizes e orgulhosos, tanto eu como a Joaninha, com a Carmen Lucia e todos os colaboradores voluntários e desinteressados do jornal, porque não deixaram a peteca cair e o nosso querido jornal continua sendo o porta-voz e repositório de todos os acontecimentos da cidade, do município e da região. A emoção, a saudade e a sensibilidade tomam conta dos nossos corações, meu e da Joaninha”.

 

A este seleto grupo de ex-alunos e professores juntou-se o inesquecível Jujuca e juntos, ele e D. Joaninha, ao piano, a quatro mãos, tocaram emocionadamente, para nos homenagear, “Tristesse”, de Frederic Chopin e “Carinhoso”, de Pixinguinha.

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ELEIÇÃO MUNICIPAL

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 26/10/2016

 

Meus caros leitores, no dia 2 de outubro passado os eleitores brasileiros foram às urnas com a finalidade de eleger os prefeitos que a partir de janeiro de 2017 irão administrar, como executivos, as cidades para as quais se apresentaram como candidatos, prometendo gerir com seriedade os bens públicos. Uma parcela razoável, conseguiu a eleição ou a reeleição no primeiro turno, como aconteceu na cidade de São Paulo, onde, de forma surpreendente, o eleito João Doria liquidou a fatura, contrariando as pesquisas dos institutos, inclusive as de boca de urna, que projetaram o segundo turno.

 

Em uma análise ainda superficial, o resultado da eleição no município mostra que os eleitores escolheram para comandar a Prefeitura o candidato Pascoalino, com uma diferença de votos que não deixa margem à dúvidas, o que observamos nas ruas e em conversas com diferentes segmentos sociais, uns poucos dias antes da eleição, em visita à cidade.

 

Cumprimentos, congratulações e votos de uma boa administração para o novo prefeito, esperando que ele cumpra as promessas feitas, embora saibamos das imensas dificuldades, especialmente financeiras, com que os novos prefeitos vão se defrontar, sendo evidente que para levar a bom termo sua administração, precisa contar com os préstimos e o apoio da comunidade e de uma Câmara Municipal atenta aos superiores interesses da cidade.

 

E por falar em Câmara Municipal, ficamos decepcionados com os eleitores do município, que não elegeram nem uma mulher para o legislativo municipal, sabendo, como sabemos, que as mulheres são maioria não só entre a população, de um modo geral, como também entre os eleitores, entre outras razões porque as mulheres vivem mais do que os homens, em média, como atesta o IBGE.

 

Mas este motivo de viver mais, é secundário, parecendo a nós, como obervadores neutros dos fatos sociais, que os eleitores do município estão cultivando um preconceito machista contra as mulheres, em relação às funções eletivas, notadamente se observarmos a baixa votação das diversas candidatas que se apresentaram aos eleitores.

 

De fato, a candidata a vereadora Alínea, que obteve a melhor votação, ficou em 26 º lugar, concorrendo a uma das 9 vagas de que é composta a Câmara Municipal. As demais candidatas tiveram baixa votação e se classificaram nos últimos lugares. A vereadora Ducarmo, foi eleita vice-prefeita na chapa do prefeito eleito Pascoalino, mas não precisou de brigar por nem um voto, uma vez que pela legislação eleitoral brasileira, o vice é automaticamente eleito na chapa vencedora.

 

Gostaríamos de estar errados, mas sentimos que existe realmente um preconceito machista contra as mulheres, o que não se justifica, por qualquer ângulo em que a matéria seja examinada; primeiro, porque as mulheres são maioria entre os eleitores; segundo, porque a elas, pela legislação eleitoral, os partidos devem  reservar 30% das vagas para as candidaturas de mulheres, em disputa pelas cadeiras dos legislativos municipais, estaduais e federais, o que nenhum deles cumpre; terceiro, porque nos dias que correm, por mérito, as mulheres merecem ter assegurados direitos e obrigações em igualdade de condições com os homens, conquista que custou a elas muito suor, sangue e lágrimas ao longo dos tempos.

 

Meus caros leitores, finalmente, enviamos a todas as candidatas que disputaram a eleição para a Câmara Municipal, os nossos beijos, o nosso abraço de solidariedade, o nosso estímulo para que não desistam e preparem o caminho para as próximas eleições, obstinadamente, lutando de igual para igual com os homens, estudando, interessando-se pelos problemas da nossa comunidade, mostrando que são guerreiras e não levam desaforo para casa.

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UMA ESTRELA NO FIRMAMENTO

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 04/12/2016

 

Meus caros leitores, para os que não desfrutavam de sua intimidade, ele era o Professor José Furtado Pereira, mas, para nós, que sempre compartilhamos de sua amizade, ele era o Zequinha Furtado, possuidor de vários títulos científicos e acadêmicos nas áreas de bromatologia, farmácia e bioquímica, recebendo várias honrarias e reconhecimento por seus trabalhos e pesquisas na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), destacando-se como professor, conferencista e autor de inúmeras monografias científicas publicadas, o que lhe valeu o título de doutor em farmácia e bioquímica pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

 

Contudo, o que desejamos realçar nesta singela homenagem é o seu lado simples, humano, de intelectual e prosador, poeta de notável inspiração, autor do livro “Um Punhado de Sonhos”.

Adotou o pseudônimo de “Alcânio Cesar” em sua obra literária. Era um grande papo e quando a gente se topava por aí era com renovado prazer que falávamos de diversos assuntos, sendo a verve, as tiradas espirituosas e a agilidade mental do Zequinha alguma coisa de inigualável.

 

Meus caros leitores, Guimarães Rosa, um dos mais festejados escritores brasileiros de todos os tempos, intelectual de primeira linha, disse certa vez que “Há pessoas que não morrem, ficam encantadas”. Parafraseando este notável brasileiro, temos certeza, querido Zequinha, que você não morreu, mas sim ficou encantado nas nossas vidas, nas nossas memórias e, sobretudo, nas nossas emoções afetivas.

 

Nesta simples e singela homenagem, meu caro Zequinha Furtado, dedicamos-lhe as belas palavras de um escritor cristão e católico, Leonardo Boff, em um momento de grande inspiração: “O cristianismo não nega que a morte seja o fim da vida, mas é certo que tem uma conotação otimista ao celebrá-la como o início de nova etapa. A morte é sim o fim da vida. Mas fim entendido como meta alcançada, plenitude almejada e lugar do verdadeiro nascimento. A união interrompida pelo desenlace não faz mais que preludiar uma comunhão mais íntima e mais total. O homem é mais que o Bios, porque é mais do que um animal. É mais do que o tempo, porque ele suspira pela eternidade do amor e da vida. O homem é pessoa e interioridade. Para esse a morte não é um fim em si mesma, mas um fim-plenitude e um fim meta alcançada”.

 

Para dar um toque de grandeza, de intelectualidade e de sensibilidade a esta homenagem, nada melhor do que um texto do notável poeta Fernando Pessoa, que tão bem representou no campo da poesia o fino trato com as palavras, inspiração sensível e bela, deixando para a posteridade uma imensa lição de amor, que muito encanta nossa alma:

 

“Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: navegar é preciso; viver não é preciso. Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para casar com o que sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a prender como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o propósito de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa raça”.

 

Valeu Zequinha e temos certeza de que Deus reservou para você um lugar especial no Reino dos Justos, do qual você é merecedor, uma vez que, na sua longa trajetória na vida terrena, só espalhou alegrias, bondades e tornou a vida de todos os que o admiravam mais leve, mais bela e mais digna.