Aqui você vai encontrar um catálogo da coluna CONVERSA AO PÉ DO FOGO. publicada durante 60 anos (de 1961 a 2021) no jornal O IMPARCIAL de Rio Pomba / MG, escrita por ANTONIO CARLOS DOS REIS.
Aqui você encontra a conversa mais recente.
por Antônio Carlos dos Reis - escrito em 12/10/2021
A coluna “Conversa ao Pé do Fogo” foi criada em março de 1961 e na sua apresentação, na edição número 12, ano LXVI, de 19 de março de 1961, deixamos bem claro o nosso objetivo de criar uma coluna no nosso jornal que, ao mesmo tempo, seria de reivindicação e de crítica, sacudindo bastante a poeira da acomodação e do desamparo que prevaleciam na época na administração municipal, acentuando com grande destaque que a crítica seria construtiva, visando o melhor para o município e para a região.
Para nossa satisfação, um ano depois, na edição número 11, ano LXVI, de 18 de março de 1962, prestamos conta da nossa atuação, acendendo a primeira velinha no aniversário da coluna e, sem falsa modéstia, informamos aos leitores que a coluna foi bem recebida, de um modo geral, pela população, a qual nos incentivou pessoalmente, por cartas e por mensagens, a prosseguir, especialmente em relação ao grande problema da época, o asfaltamento da rodovia, que travava o progresso da região, a qual foi por nós intitulada como “Caminho do Diabo”, em comentários publicados na nossa folha, antes da criação da coluna.
Mais uma vez, reiteramos nossas melhores homenagens ao saudoso diretor José de Assis Vieira, que aceitou voluntariamente a criação da coluna, bem como acolheu algumas sugestões que fizemos no sentido de tornar o jornal mais moderno e dinâmico, com a participação de novos colunistas, especialmente a criada e assinada pelo querido Nicolau Alves Filho, por este intitulada “Naico na Sociedade”, um grande sucesso de leitores.
Posteriormente, em 03 de setembro de 2011, ao completar 50 anos de colaboração com o jornal, fomos homenageados na “Noite de Gala IX”, patrocinada pelo nosso na época semanário, com uma bela festa no Clube dos Trinta, nossa sala de visitas.
No corrente ano, nossa coluna completa 60 anos, mas, infelizmente, por razões econômicas e financeiras, para a nossa tristeza e desalento, o jornal deixou de circular, tanto na edição impressa, como na eletrônica, conforme último editorial assinado pela atual diretora Carmen Lucia Marini, depois de 125 anos de circulação, defendendo as melhores reivindicações do município e da região.
Como sempre acontece, o problema financeiro fala mais alto e como nossa cidade é pequena e de fraco poder aquisitivo, não conseguiu ajudar o jornal com receitas publicitárias que o sustentassem, colaborando e impedindo sua extinção, valendo assinalar que importantes jornais do Rio de Janeiro e São Paulo enfrentaram o mesmo problema, deixando de circular para a tristeza e desapontamento de seus milhares de leitores
Com esta última coluna e derradeira crônica, sensibilizados e agradecidos aos leitores que nos prestigiaram durante todo esse lapso de tempo, mesmo àqueles que discordaram do nosso posicionamento, fechamos nossa participação, aos 86 anos de idade, em plena lucidez, esperando que os pósteros, nossos filhos, netos e bisnetos, bem como dos leitores, em geral, tomem conhecimento dos fatos que marcaram os séculos19, 20 e 21, reproduzidos no jornal, por seus diferentes colunistas e comentadores, esperando que contribuam para o melhor aperfeiçoamento das instituições democráticas, razão primeira de toda nossa luta e sacrifício.
Um capítulo à parte. Rogamos e fazemos votos para que os pósteros, as gerações que nos sucederem, desfrutem de um Brasil mais digno, menos desigual, menos pobre, sem preconceitos de raça, cor, religião, sem homofobia, proporcionando ao seu povo padrão de vida decente.
Para atingir essa plenitude, só há um caminho: educação e democracia, que é o pior dos regimes, com exceção de todos os demais, segundo o estadista britânico Winston Churchill.
Não se iludam, meus caros leitores do futuro, com o canto das sereias dos que pregam o autoritarismo e os regimes ditatoriais, uma vez que a história nos ensina e os fatos passados demonstram que ditadura nenhuma presta, seja ela civil ou militar e a experiência de 1964/1985, ditadura comandada por militares, com a qual este escriba conviveu, foi das mais amargas, pois é certo que o primeiro ato que os ditadores baixam é nomear um gorila, fardado ou não, para perseguir opositores, censurar a imprensa, cassar mandatos e aposentar compulsoriamente juízes de tribunais inferiores e superiores, que tentam conter as violências e arbitrariedades dos novos donos do poder.
Se observarmos com atenção, não é por simples coincidência que os países mais evoluídos do mundo, que proporcionam a seus povos o melhor padrão de vida, em todos os sentidos, têm regime democrático consolidado, tais como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Canadá, Espanha, Portugal, Suécia, Dinamarca, Noruega, Holanda, ao passo que os mais pobres e atrasados, em sua grande maioria, cultivam regimes autoritários e ditatoriais, a começar pelos péssimos exemplos da nossa América Latina.
Que Deus nos ajude a alcançar essa meta.