por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 06/03/1988
O carnaval de 1988 mostrou uma tendência mais ou menos irreversível em nossa cidade, vale dizer, a decadência do carnaval de salão, com o Clube dos Trinta apresentando um movimento apenas razoável e uma evolução e entusiasmo cada vez mais contagiantes em relação ao carnaval de rua, o mais autêntico dos festejos populares, com origem no que há de melhor na alma simples e boa do povo.
De fato, nas ruas tivemos os melhores momentos do carnaval, com o desfilar contínuo de blocos sujos e limpos, críticas à situação política do país, caracterizações de figuras conhecidas, a irreverência do Bloco do Pinico e um perfeito Carlitos deslizando pelas ruas da cidade trazendo á lembrança de todos a imagem de um dos gênios do cinema.
Com a evolução do carnaval de rua, houve a natural atração de muitos turistas para a cidade, lotando hotéis e pensões, constatando-se a presença de automóveis de todas as partes do Brasil circulando pelas ruas.
Esperamos e contamos que os turistas tenham sido bem tratados, para que retornem sempre e propaguem o bom nome da cidade e de seu carnaval, o que significa em última análise, mais dinheiro circulando dentro das fronteiras do município.
Mas aqui vai uma primeira crítica. É indispensável a colaboração do povo, no sentido de zelar pela limpeza das ruas e praças, enfim, dos logradouros públicos, uma vez que este é o primeiro ponto a despertar a atenção dos visitantes, tronando a cidade mais convidativa e atraente.
A dura realidade, porém, é que muita gente não respeita este princípio e o resultado é o lixo e a sujeira espalhados nas ruas, embora existam recipientes de lixo colocados pela Prefeitura nos pontos principais da cidade, sendo certo que não faltam maloqueiros e mal-educados que fazem questão de mostrar a sua falta de civilidade.
Como se trata de um problema da educação, contamos com a colaboração do povo que certamente deseja ser conhecido como bem-educado e civilizado, atraindo as simpatias do visitante e do turista.
A título de colaboração, uma segunda crítica, pois há necessidade urgente da construção de sanitários públicos no perímetro central da cidade, para se evitar o deprimente espetáculo que assistimos de pessoas fazendo suas necessidades urinárias nas ruas e praças, o que convenhamos, não fica nada bem para uma comunidade com pretensões de turismo.
No tocante a este problema, com a palavra a Prefeitura Municipal.
Voltaremos na próxima semana.
por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 13/03/1988
Mais uma vez o grande destaque do carnaval de rua da cidade foram as Escolas de Samba Unidos do Rosário e Levanta Poeira, demonstrando ambas uma sensível evolução de ano para ano, em todos os sentidos, razão pela qual constituem o ponto alto do nosso carnaval.
Pena é que nossa passarela do samba não seja das mais apropriadas para servir de palco aos desfiles uma vez que, embora ela desenvolva em linha reta e plana, é estreita e provoca o afunilamento da pista, com a invasão dos populares para além dos cordões de isolamento.
De fato, este é um problema sério do nosso carnaval, vale dizer, um local melhor para os desfiles, pois, se de um lado a Av. Dr. José Neves apresenta alguns pontos positivos, de outro mostra pontos negativos, tendo a pista estreita e a consequente invasão do povo, prejudicando a evolução dos passistas, devendo-se somar a isso a falta de colaboração do público.
A iluminação da passarela estava boa, a decoração fraca, mas faltou uma melhor iluminação na pequena praça da apoteose, no final da Av. Dr. José Neves, onde os desfiles terminam.
Mas voltemos ao reinado do samba, com a certeza de que a Unidos do Rosário e a Levanta Poeira estiveram lindas, com sugestivos carros alegóricos, originais alegorias, samba-enredo bem elaborado, com música de fácil assimilação.
As fantasias das escolas chamaram a atenção pela riqueza e pela originalidade, notando-se um sensível progresso na evolução dos sambistas e passistas de ambas as escolas na passarela.
Uma falha que notamos foi que algumas alas das escolas não sabiam cantar o samba-enredo, desfilando quase em silêncio, mas são pequenos senões, fáceis de corrigir e que não tiram o brilho e a empolgação do belo espetáculo proporcionado ao povo, devendo ainda ser destacada a beleza da mulher rio-pombense, com belas gatas, dignas de capas de revistas famosas. Morenas, loiras, mulatas e negras esbanjando plástica, graça e charme na avenida.
Agora uma merecida homenagem a um folião de primeira linha, ágil, lépido, entusiasmado, gracioso e leve na passarela, sambista autêntico, dando tudo de si pela sua querida Unidos do Rosário, que sem ele não seria a mesma escola, faltaria alguma coisa de muito importante. Ao vê-lo evoluindo na passarela do samba, cheio de amor e graça, ficamos entusiasmados e o aplaudimos com calor. Ao irmão e amigo Benedito Gomes de Abreu, as nossas homenagens sinceras, por tudo de belo e bom que você mostrou na passarela do samba e aquele abraço. Ao homenageá-lo não fazemos nenhum favor, simplesmente reconhecemos seus méritos.
Voltaremos na próxima semana.