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CONVULSÃO NO ORIENTE MÉDIO

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 03/04/2011

 

Meus caros leitores, os ditadores árabes do Oriente Médio caem do camelo um a um e chegou a vez de Muamar Khadafi, há 42 longos anos no poder na pobre, infeliz e sofrida Libia, embora assentada sobre um mar de petróleo. Primeiro foi a Tunísia, depois o Egito, agora a Líbia, sendo certo que, nessas alturas do campeonato, os ditadores do Bahrein, do Marrocos, da Argélia, do Iêmen, da Síria e da Arabia Saudita já estão colocando as barbas de molho, pois tudo indica haverá o famoso efeito dominó, com a queda dos ditadores ou dos reinados autocráticos um a um.

 

E não adianta nada os ditadores suspenderem os meios de comunicação usados pela população, como rádio, televisão, jornais, etc., uma vez que, nos dias atuais, o povo se entrosa e se comunica por meio da internet, tornando quase impossível a tentativa dos ditadores de impedir a divulgação de informações e boletins a respeito da situação e do massacre como os que estão ocorrendo na Líbia.

 

Como noticiou a mídia, no Egito houve uma verdadeira mobilização popular concentrada na Praça Tahrir, durante 18 dias, o que obrigou o ditador Mubarak a entregar o poder e se refugiar em local isolado. O início da revolta popular, foi o suicídio de um jovem, em resposta ao abuso da repressão policial do regime.

 

A mobilização popular conseguiu a adesão de milhões de cidadãos egípcios, os quais, ignorando o poder repressivo do regime, foram para a rua, ocuparam a praça e colocaram o ditador para correr, dando início a um novo tempo que, esperamos, seja de grande valia para o Egito e que Deus os inspire e ajude nesta nova empreitada.

 

“A voz dos Casarões”

 

Na edição de 23 a 30 de janeiro do corrente ano, nosso querido jornal publicou crônica do Roberto Nogueira Ferreira, falando dos casarões da cidade, que estão sendo demolidos um a um e no final de seu texto o cronista afirma que “se a morte dos casarões é inevitável, que pelo menos seja digna”.

 

Meu caro Roberto Nogueira, não é fácil conservar e preservar um casarão e é exatamente isso que estamos fazendo no casarão nº 25 da Praça Último de Carvalho, do qual eu sou um dos proprietários, e para nossa alegria prevaleceu entre os herdeiros do imóvel o entendimento no sentido de não colocá-lo à venda, promovendo a sua restauração.

 

Começamos a restauração interna do casarão e dentro dele temos algumas preciosidades, tais como uma escada de acesso do térreo ao primeiro pavimento, que depois de restaurada ficou linda de morrer. Promovemos também a reforma e restauração de móveis antigos, tais como cristaleira, mesa, cômodas, cadeiras, armários, existindo um guarda-roupa antigo da madeira de lei chamada sucupira, feito artesanalmente pelo patriarca da família Clemente – Francisco Clemente – por encomenda de meu pai.

 

Ao comprar o casarão, na década de 1940, embora tenha sido uma pessoa bastante evoluída,com uma boa cultura geral, meu pai não tinha a noção exata da importância da preservação do imóvel em sua originalidade, não só para a nossa família, mas especialmente para a cidade.

 

Ao promover duas reformas no casarão, meu pai não obedeceu plantas originais, demolindo paredes de barro(pau a pique), substituindo-as por alvenaria e retirando do assoalho do primeiro pavimento madeiras de lei denominadas braúna ou baraúna, madeiras essas duríssimas e pesadas, exigindo 4 homens para carregar cada tábua, substituindo-as por assoalho de pinho tratado, estreitas.

 

Apesar das dificuldades, queremos preservar o casarão.