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BRIGA DE FOICE

por Antônio Carlos dos Reis - publicado em 27/12/2015

 

Meus caros leitores, na batalha pelo impeachment forças do governo e da oposição travam um duelo inglório e constrangedor, igualando-se na fúria destrutiva em nome do que o comum dos mortais chama de rasteiro oportunismo, quando é certo que o país precisa urgentemente de bom senso e tranquilidade para sair da crise em que o colocaram.

 

Envolvido até o pescoço no escândalo de corrupção da Petrobrás, o deputado Eduardo Cunha continua no comando da Casa Legislativa, embora vozes mais sensatas e descomprometidas rconheçam que deveria ter sido afastado do cargo, por não reunir condições mínimas para ocupá-lo, por razões altamente comprometedoras no referido escândalo, como afirma seu correligionário e colega de partido, Jarbas Vasconcelos, do PMDB de Pernambuco, voz  respeitada no Congresso Nacional.

 

Embora tendo sua conduta analisada pelo Conselho de Ética da Câmara, o deputado conta com a vergonhosa ajuda de figuras de destaque no PT, no PMDB, no PSDB, no SOLIDARIEDADE e no DEM, os quais bajulam o presidente da Câmara, em nome de um indecoroso oportunismo, sabendo-se, como se sabe, que o deputado, em razão do cargo que ocupa, tem o poder legal de abrir o processo de impeachment contra a presidente da República.

 

Nessa hora, governistas e oposicionistas, para remover Dilma Rousseff do poder ou para evitar que isso aconteça, usam de todos os meios, legais e ilegais e que se danem os escrúpulos, a seriedade de princípios e o caráter.

 

O ex-governador de São Paulo, Claudio Lembo, sempre se colocou do lado oposto do PT, como filiado que foi ao DEM até o ano de 2012, quando se transferiu para o PSD do Ministro Gilberto Kassab. Cumpriu um mandato-tampão de governador do Estado de São Paulo, em aliança de seu partido com os tucanos. É, portanto, uma voz insuspeita.

 

Professor de direito da Universidade Mackenzie, analisou friamente os acontecimentos políticos que ocorrem no país e com a franqueza que lhe é peculiar  disse o seguite:

 

“Os golpes militares da época da Guerra Fria estão sendo substituídos pelo impeachment. A função do Congresso é fiscalizar os governos e não derrubá-los. Isso é o mesmo que bater às portas dos quartéis. O afastamento de um presidente só se permite nas democracias em caso de extrema necessidade. Não se deve buscar interromper o mandato eletivo. Isso é um desrespeito à população, seja quem for o eleito. O impeachment é um instrumento violento, que causa instabilidade à economia e ao país”.

 

Prosseguindo, o ex-governador discorda da tese acolhida pela oposição: “A lei exige um crime de responsabilidade, o que não vejo. Ninguém diz que a presidente meteu a mão em dinheiro público, que ela enriqueceu. Sua honra está preservada”.

 

Igualmente, refuta a ideia sugerida por Fernando Henrique Cardoso, de que a presidente deveria renunciar, afirmando: “Um ex-presidente não devia falar isso. Eu também acho que ele poderia renunciar quando comprou a reeleição. A elite branca está furiosa, não entendeu que o Brasil mudou e por isso está perdida. A oposição não aceitou o resultado das urnas e quer derrubar o governo a qualquer custo. Só falam em impeachment. Estão perdidos, em estado de neurose coletiva”.